Como funciona o IMAX?

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Que tal assistir um filme em uma tela com mais de 250 m², som cristalino e ter a perfeita sensação de que você faz parte daqueles cenários e sequências de ação que estão sendo mostradas na tela? Pois saiba que isso não só é possível como também é uma tendência para o cinema do futuro.

Mas como é possível projetar imagens em resolução tão alta, sem perder a qualidade? Como é possível ter a nítida sensação de estar dentro do filme quando, na verdade, você está sentado confortavelmente em sua poltrona? Prepare a pipoca e confira tudo sobre a tecnologia IMAX. Seu cineminha do final de semana nunca mais será o mesmo.

IMAX, uma tecnologia quarentona

Isso mesmo. Foram precisos exatos 38 anos desde o seu surgimento para que a tecnologia IMAX chegasse ao Brasil. E isso aconteceu nesse ano, com a inauguração dos dois primeiros cinemas do gênero, um em São Paulo e outro em Curitiba, por aqui.

Tornar as telas cada vez maiores e, com isso, proporcionar uma experiência única para o espectador sempre foi um dos maiores desejos da indústria cinematográfica. Mas de nada adiantaria apenas ampliar as imagens se houvesse perda de resolução nesse processo. Afinal todos queriam qualidade e não uma imagem enorme granulada e cheia de falhas.

Para entender como isso foi possível, precisamos mergulhar na origem do próprio cinema. As imagens em movimento dos primeiros filmes rodados pelos Irmãos Lumiére, na prática, reaproveitavam a tecnologia já consagrada na época pela fotografia. Assim, os filmes utilizados eram do formato 35 mm, bitola criada em 1889 por George Eastman.

Exemplo de filme 35 mm. Do lado esquerdo as duas faixas representam as bandas de som.


Com a introdução do som no cinema, em 1927, o que houve foi uma adaptação do formato, para ganhar as bandas sonoras. Mas desde a época do cinema mudo até os dias de hoje o tipo de filme utilizado, com raras exceções, continuou sendo o mesmo. Para se ter uma idéia até 2007, mesmo com avanço das tecnologias digitais, o 35 mm ainda era o formato mais utilizado, tanto na filmagem quanto na produção.

Ainda muito antes do IMAX, na década de 50, foi criada a bitola 70 mm. Ela foi concebida visando fornecer imagens em qualidade superior ao filme 35 mm e maiores possibilidades de som. Para se ter uma idéia, um filme 35 mm tem duas bandas sonoras (o som estéreo que conhecemos) e o filme em 70 mm pode ter até seis bandas sonoras.

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Se ele foi criado nessa época, por que não foi utilizado a partir de então? Por uma questão simples: custos. Uma comparação para você entender melhor: um filme 35 mm é capaz de rodar em 24 quadros por segundo, ou seja, para cada 1 segundo de filme temos 24 fotogramas (ou fotografias). Assim, um minuto de filme equivale a 1440 fotos, por exemplo.

Diferença entre um filme em 35mm e um filme em 70 mm


Já os filmes em 70 mm podem rodar em até 48 quadros por segundo. Ou seja, para um filme com duração de uma hora e meia, por exemplo, seria necessário despender o dobro de material para filmar exatamente a mesma coisa. Isso sem falar no material não-utilizado na edição final (em Hollywood, para cada minuto de filme exibido, pelo menos outros 4 minutos ficam de fora e não são aproveitados).

A solução encontrada para exibir em grandes formatos foi filmar em 35 mm e converter o resultado final para 70 mm. Assim só o que realmente era importante passaria pelo formato. A idéia, porém, esbarrou em outro problema: os projetores. Como estavam adaptados apenas para projetar em 35 mm seria preciso trocar novamente todos os projetores para 70 mm. A coisa acabou se tornando inviável e o formato acabou reduzido a experimentos ou grandes acontecimentos ao longo dos anos.

Assim, pensando em algo que aliasse um menor custo a um maior benefício na década de 60 quatro homens – Graeme Ferguson, Roman Kroitor, Nicholas Mulders e William C. Shaw – começaram a desenvolver o sistema IMAX, que foi apresentado ao mundo durante uma exposição em 1967, no Canadá.

Sistema IMAX existe desde 1971 no Canadá

No entanto a primeira demonstração do sistema só viria três anos depois em uma exposição em Osaka, no Japão. Em 1971 foi colocada em operação em Toronto, no Canadá, a primeira sala de exibição – que está em funcionamento até hoje. À época a tela de demonstração chegou a medir impressionantes 27,3m x 19,7m. O formato foi padronizado posteriormente e hoje varia em torno de 22m x 16m.

Hoje, quase quarenta anos depois, o IMAX conta com pouco mais de 320 salas espalhadas pelo mundo. A maior parte delas (65%) está localizada em três países: Canadá, Estados Unidos e Japão. Esse desenvolvimento, que agora chega também ao Brasil só foi possível graças a um elemento: a tecnologia digital.

A era digital

Se antes era inviável trocar toda a aparelhagem de projeção em 35 mm por projetores de 70 mm (para você ter uma idéia, todo o equipamento de projeção de um IMAX pesa cerca de 1,8 toneladas), com o digital isso não só ficou mais barato, como também se tornou uma tendência.

O primeiro filme captado inteiramente em digital foi Star Wars: Episódio 2 – O Ataque dos Clones, em 2002. De lá para cá é cada vez maior o número de filmes que vem sendo produzidos neste formato e, o que se imagina, é que pelo menos na grande indústria o formato irá aposentar de vez a já centenária película.


Os projetores também terão que ser trocados, mas o formato digital permite múltiplas compatibilidades com outros formatos de projeção. Desde que é claro, tenham sido respeitadas algumas diretrizes básicas já na captação do filme.

Mas uma produção de duas horas que, em película para um IMAX poderia ocupar até 12 latas com rolos de filme, hoje ocupa alguns terabytes de um HD externo. E em breve até ele será eliminado já que a expectativa é que no futuro as transmissões dos filmes nos cinemas sejam feitas via satélite.

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Não é só tecnologia – Um pouco de física para explicar o ambiente IMAX

Não é só a tecnologia empregada na captação e na projeção de imagens em alta resolução que faz a diferença num sistema IMAX. Os aspectos sonoros e o ambiente são pontos fundamentais para complementar a experiência do espectador em uma sala como essa.

Essa potencialização dos sentidos se dá graças ao formato da tela e à disposição dos assentos. Como ela é levemente côncava, quando vista de frente temos a impressão que a profundidade do campo de visão (distância dos seus olhos em relação à tela) é um pouco maior do que o que realmente vemos.


Diferente do que acontece em salas de cinema convencionais, no IMAX não há poltronas laterais, ou seja, de qualquer ponto da sala em que você estiver sentado terá sempre um campo de visão do mesmo tamanho.

Sala de cinema IMAX

Pelo tamanho da tela, ao ficar sentado olhando fixamente para ela, você terá toda a sua visão periférica preenchida única e exclusivamente com imagens da tela, sem pontos de dispersão ou bordas laterais.

Some tudo isso a uma sala escura e um estado máximo de concentração conseguido no ambiente do cinema e você tem uma experiência completa, única e envolvente em termos visuais.

Sua percepção sensorial é completada ainda por um som potente, de certa de 14 mil watts, distribuído em um sistema de seis canais. Em algumas salas dos EUA, para algumas produções, o espectador pode ser envolvido por oito canais de som, sendo estes dois últimos disponibilizados em fones de ouvido que são ativados em pontos específicos da produção.


Complemento em terceira dimensão

Você já conferiu em artigo aqui no Baixaki como são feitas e como funcionam as projeções em terceira dimensão. Porém, é importante citar ela aqui. Nenhum outro elemento é capaz de proporcionar tamanha imersão em um filme como as projeções em que o espectador utiliza os óculos 3D.

Com eles é possível “enganar” a sua visão e criar um efeito especial que, quando bem empregado, é capaz impressioná-lo a ponto de você acreditar que realmente pode tocar aquelas imagens que se movimentam na tela.

IMAX: cenas em terceira diemnsão proporcionam maior realismo


O impacto das imagens tridimensionais também tem um interessante aspecto psicológico.  Depois de sair da sala de cinema, graças ao 3D, a sensação que fica na sua memória não é de ter visto algo e, sim, de ter estado com algo, o que faz toda a diferença para o seu cérebro.

O futuro do IMAX

Aperfeiçoar ainda mais a qualidade das imagens e incrementar as condições de captação de imagem em IMAX parecem ser os pontos em que a indústria mais se concentra nesse momento.

Com um custo cada vez menor para implantação de salas como essa e o natural caminho dos exibidores em migrar para o digital e para o 3D é natural que cada vez mais o espectador comece a exigir novidades.

Com os altos custos de produção, a indústria fica num impasse. De nada adianta acelerar o desenvolvimento se não há produções suficientes para encher as salas de cinemas no mesmo ritmo semanal com que chegam os lançamentos às telas.



Making of de Batman - O Cavaleiro das Trevas: cenas gravadas utilizando câmeras IMAX

Para se ter um idéia, dois dos filmes mais caros dos últimos anos – Batman: O Cavaleiro das Trevas e Harry Potter e o Enigma do Príncipe – tiveram apenas 15 e 12 minutos, respectivamente, produzidos em IMAX ou 3D e, ainda assim, seus orçamentos beiraram os US$ 200 milhões.

Além disso, não é fácil movimentar uma câmera IMAX. Cada uma delas pesa cerca de 109 kg (uma câmera convencional 35 mm pesa 18 kg) e suporta um cilindro de três minutos de filme. Outro ponto é o nível de ruído, alto se comparado às demais câmeras.

Ou seja, antes de você ver mais novidades na tela, a indústria cinematográfica terá ainda um longo caminho a percorrer nos bastidores, aperfeiçoando as tecnologias que estão em prática na atualidade.

E você, já conheceu uma sala de cinema IMAX? Conte-nos como foi a sua experiência ou qual é a sua expectativa para a exibição de filmes no futuro.

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