Review: Archos 9 Tablet

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Desde que os rumores sobre um possível tablet da Apple se intensificaram ano passado, muitas empresas, analistas de mercado e sites especializados voltaram seus holofotes para o tipo de produto que poderia sair da cartola de Steve Jobs. Afinal, em 2007 a gigante de Cupertino tinha alçado os smartphones a um novo nível, com o lançamento do iPhone.

A história dos tablets não tem perna curta. O mouse, companheiro de muitas batalhas, nunca foi uma unanimidade quando o tema é interação entre homem e máquina.  Sim, ele é extremamente útil e, para algumas tarefas, insubstituível. Contudo, sempre se almejou  uma ferramenta que fosse mais prática. E até mesmo o teclado físico não fica de fora dessa.

O conceito de um computador mais prático e intuitivo — para uso comercial e pessoal — já tem mais duas décadas, mas foi o amadurecimento de algumas tecnologias que o tornaram atraente e viável. E por que os tablets estão despertando desejo de consumo hoje?

Os tablets querem conquistar o mercado de portáteis!

Não há como falar deles sem antes relacionar outra história, que também tem sua origem lá no início da década de 90. Trata-se dos netbooks, laptops compactos que foram conceituados também pela mesma Apple, com o eMate 300, aparelho descontinuado juntamente com o Newton quando Jobs voltou à empresa em 98.

Uma década para frente, a ousadia da Asus revelou um novo nicho de mercado, com o seu Eee PC, cujo sucesso cunhou o termo “netbook” aos notebooks ultracompactos. Hoje, os netbooks são amplamente vendidos por diversas empresas de eletrônicos.

A aceitação do público ficou evidente assim que se percebeu que para tarefas como navegar na internet, ler emails, escutar músicas e redigir pequenos trabalhos, não é necessário ter uma capacidade colossal de processamento.

Após uma introdução um tanto alongada — com a qual nossa intenção foi contextualizar o atual cenário da computação pessoal, que vive o renascimento de uma categoria adormecida e deve iniciar uma reviravolta em 2010 — saiba agora os pontos fortes e fracos do primeiro tablet analisado pela equipe do Portal Baixaki!

Um francês entre nós

Lançado em outubro de 2009, o tablet francês possui uma tela de 9 polegadas, processador Intel Atom Z510 rodando a 1.1 GHz e 1 GB de memória RAM. Dentro do seu disco rígido de 60 GB a 4200 RPM, um Windows 7 Starter Edition instalado com resolução de tela máxima em 1024 x 768 pixels. O chipset gráfico também é da Intel: GMA 500.

Medindo 25,6 x 13,4 x 1,6 centímetros, o aparelho pesa 800 gramas e tem uma bateria de Lítio-Íon Polímero com duração de 4 horas, Bluetooth 2.1 e Wi-Fi nos padrões 802.11 b/g/n. Há ainda um microfone e uma webcam de 1.3 megapixels.

Escolhemos este tablet como o primeiro a ser analisado pelo Baixaki porque ele é um ótimo parâmetro de referência de quais tecnologias e configurações um tablet de nova geração deve dispor para alcançar o sucesso.

O Archos 9 tem um design robusto e não se preocupou em economizar no número de botões. Ao todo são cinco além do trackpad para mexer no cursor. Acompanha ainda uma caneta stylus,  como a do Nintendo DS e alguns smartphones da Palm e Blackberry.

É possível adicionar um teclado externo no tablet.

1. Entrada proprietária para adicionar teclado externo e outros acessórios.

Webcam inexistente no iPad dá as caras no Archos 9.


1. Alto-falante esquerdo;
2. Webcam de 1.3 megapixels;
3. Tela de Login do Windows e Liga/desliga Wi-Fi se pressionado junto aos itens 5 e 6;
4. Teclado virtual e aumenta ou diminui brilho se pressionado junto aos itens 5 e 6;
5. Botão esquerdo do mouse (aumenta brilho e liga Wi-Fi);
6. Botão direito do mouse (diminui brilho e desliga Wi-Fi);
7. Microfone;
8. Entrada de áudio;
9. Porta USB;
10. LEDs que indicam se o tablet está ligado, recarregando ou utilizando o HD;
11. Entrada do recarregador.

Por que ter trackpad se é touchscreen?

1. Alto-falante direito;
2. Ligar/desligar aparelho;
3. Trackpad.

Muitos botões, não é mesmo? Parece que a empresa deixou de lado a tendência de enxugar a quantidade de teclas físicas dos portáteis e complicou um pouco a vida do usuário. Enfim, vamos aos pontos positivos e negativos.

Do que nós gostamos.

Tem o que faltou no iPad

É praticamente impossível deixar de lado uma comparação com o iPad da Apple. Mas são produtos diferentes! Sim, são. Porém, a expectativa criada pelos boatos sobre o produto de Jobs deixou os consumidores eufóricos e, depois da apresentação, decepcionados com algumas especificações.

Até quem não sabia ainda o que era um tablet ficou desanimado, logo fica claro que tais quesitos são relevantes para o público. Eles são: webcam integrada, multitarefas, suporte para tecnologia Flash  (por rodar Windows) e entrada USB. Esses quatro tendões de Aquiles do iPad são supridos pelo Archos 9.

Assista vídeos com mais  conforto... Se você conseguir reproduzi-los!A webcam do Archos 9, limitada à resolução de 1280 x 1024 pixels, bem que poderia ser no meio do aparelho, ao invés de ficar no lado esquerdo. Contudo, o empecilho é amenizado pelo fato de ela dar conta do recado quando você quiser fazer uma conferência de vídeo e áudio na internet pelo Skype e MSN. Afinal, 1.3 megapixels são mais do que suficientes para uma tela que tem resolução de 1024 x 768 pixels.

A entrada USB realmente faz diferença. Por meio  dela, você pode ligar uma câmera digital e transferir fotos, usar um celular como modem para conexão 3G ou até mesmo conectar um pendrive para trocar arquivos. O tablet ainda conta com um pedestal para ficar de pé, embora seja bastante frágil.

Ajuda na hora de ver filmes ou de ficar ligado quando chegam novas atualizações no seu Orkut ou Twitter, por exemplo.

Na crista da onda

Se você gosta de ouvir música enquanto navega na internet , o Archos 9 vai agradar. Com dois alto-falantes em modo estéreo, não verificamos nenhuma distorção de graves e agudos que prejudicasse a reprodução quando o volume estava no máximo.

O som tocou de forma cristalina e forte mesmo em vídeos que possuíam muitos efeitos sonoros de forma simultânea. Porém, em conversações o volume do microfone mostrou-se aquém do esperado, necessitando aproximação do aparelho.

Enfim, é claro que tablets não têm o objetivo de ser unanimidade em áudio, por isso a experiência com o Archos 9 acaba sendo mais positiva do que negativa.

Pronto para viagem

Portáteis que não possuem bateria removível sempre são alvos de críticas, principalmente quando o equipamento tem autonomia de poucas horas. Felizmente isso não acontece com o Archos 9.  Se você pretende sair e não pode levar o recarregador para lá e cá a todo instante, é possível remover a bateria e colocar outra no lugar.

Aliás, o recarregador não é grande, tampouco pequeno. Em horas de emergência, comprar uma bateria a mais para levar na mala ou bolsa é mais conveniente do que ficar andando com o transformador.

Ao utilizar o tablet por horas, com Wi-Fi ligado e intensidade de brilho no máximo, você terá aproximadamente 4 horas de duração de bateria. Ao reproduzir vídeos no YouTube ou Windows Media Player com frequência, a autonomia pode cair para 3 horas. Portanto, sua duração não é excepcional, mas cumpre o que o fabricante diz nas especificações.

Vem com Windows 7...

A vantagem de rodar o sistema operacional mais popular do mundo é óbvia. Instalar os mesmos programas com que você está acostumado é uma sensação incrível de poder na palma da sua mão.

Quem já experimentou smartphones mais novos sabe: programas como navegadores, por melhores que sejam, sempre passam uma impressão de estarem incompletos. Isso não acontece quando você está com o todo-poderoso da Microsoft em mãos.

O Firefox vai estar disponível com todas as suas extensões favoritas, assim como o MSN Messenger vai poder instalar todos os complementos de que você gosta. Outro recurso positivo é que o sistema operacional consegue gerenciar o uso de tela do aparelho, escurecendo ou desligando-a quando não está sendo utilizado.

Windows 7 na palma da mão.

O Baixaki não gostou!

...Starter Edition 

A versão mais básica do Windows 7 não inclui alguns recursos que visivelmente fazem falta, como a interface Aero Glass e opções de personalização para trocar papeis de parede, cores de janela e sons. Sim, você não pode nem trocar seu papel de parede!

Tudo bem, a vida prossegue. Que tal instalar uns programas com suporte nativo para telas sensíveis ao toque? Nada feito. Se quiser, vai ter que instalar a versão Home Premium via USB (o que vai ser uma tortura pela velocidade de transferência).

Pior ainda, o sistema utiliza muito espaço em disco (cerca de 20 GB) que somado ao “Recovery Mode” — um backup para restaurar o Windows em caso de problemas — sugam juntos 30 GB, ou metade da capacidade de armazenamento. Dá para desinstalar e juntar a partição, mas é trabalhoso.

No aspecto multitarefas, conseguimos rodar o Mozilla Firefox com o Windows Media Player e o MSN Messenger sem problemas, porém a queda de desempenho é notável e não é possível abrir muitas abas ou iniciar várias conversações. A suíte Microsoft Office se sai razoavelmente bem apenas se você abrir um programa por vez e não utilizar recursos pesados.

Vale ressaltar ainda, qualquer que seja a versão do Windows 7, 1 GB de memória RAM não é o suficiente para tudo ficar suave e fluido.  Tudo bem que estamos falando de um tablet, ou seja, teoricamente vai ser utilizado para tarefas mais simples, entretanto a vantagem de ser multitarefas vai bueiro abaixo. Sem falar na velocidade do HD, que por ser 4200 RPM é lenta demais.

Processador Atom, o grande pecado

O maior vilão do Archos  9 é seu processador, o Atom Z510. Não precisa nem abrir algum programa ou processo no sistema, basta dar Ctrl+Shift+Del e ver o uso de processador. Ele já vai estar próximo do gargalo. Mais um motivo para multitarefas se transformar em “multitarefas”.

O aparelho trava a todo instante. Abrir mais de um programa: só se não for abusar do processador. Não adianta apelar para Gerenciador de Tarefas também, abrir o teclado virtual durante o travamento não é uma tarefa fácil.

Antivírus? Nem pensar! E como ficar sem software de segurança utilizando o Windows, que é o sistema mais visado pelos crackers? O resultado: evitar todo e qualquer tipo de site e programa desconhecido. Mesmo.

Em nossos testes com o MSN Messenger, não conseguimos fazer videoconferências porque o mensageiro instantâneo travava e o processador entrava em parafuso. Isso, aliás, é comum com o Z510 neste aparelho.

Games em flash engasgam e se tornam praticamente injogáveis.

O chipset gráfico do Archos 9 não é ruim. Ele seria capaz de rodar vídeos em 1080p se não fosse a resolução do tablet, além de suportar, através do Windows 7, o codec H.264  para exibir vídeos de alta definição. No entanto, o processador Atom consegue estragar qualquer pretensão.

Vídeos padrões do YouTube conseguem ser exibidos normalmente, mas quando você for reproduzir um deles em alta definição (tanto no Windows Media Player quanto no navegador), se prepare para ver tudo picado.

Outro teste aplicado foi quanto aos jogos em flash. Ao entrar no Otzee e “brincar” em dezenas de jogos. O Archos 9 também não satisfez qualquer expectativa: é lento e impraticável.

Trackpad para quê?

Tablets são especiais por não disporem, obrigatoriamente, de teclado físico e muitos botões. A Archos, neste modelo, se perdeu ao remar contra a maré. Do lado direito há um trackpad totalmente inútil, pois o aparelho é touchscreen.

Os botões esquerdo e direito do mouse também poderiam ser removidos, mas devem ter sido deixados porque não foi encontrada uma solução para trabalhar com a entrada de teclado fora do sistema operacional.

A tecnologia touchscreen empregada no aparelho é a resistiva. Em outras palavras, você precisa se esforçar um pouco mais e apertar a tela com mais força para ela reconhecer seus movimentos, pois o mapeamento acontece através do contato entre duas placas.

Até aí tudo bem, muitos smartphones ainda não utilizam a tecnologia capacitiva, que funciona através da troca de cargas elétricas entre os dedos e o vidro do monitor. O erro grave mesmo é não suportar multitoques. Acredite, isso faz uma diferença danada!

Teclado virtual complicado e espaçoso

Imagine agora que você deseja digitar uma URL. Soa intuitivo clicar em “Endereço” no navegador e o teclado virtual aparecer, não é verdade?  Pois é, isso não ocorre no Archos 9. Se for começar a colocar qualquer caractere em um campo de texto, você precisa clicar no botão de teclado virtual.

Este, por sinal, ocupa metade da tela e não é tão confortável quanto o teclado virtual do próprio Windows 7. Some a isso o fato de o aparelho não ter acelerômetro, portanto só é possível navegar nele em disposição de Retrato se alterar a tela dentro do próprio Windows.

Mudada a disposição de Paisagem para Retrato, o teclado virtual do aparelho não cabe mais na tela a não ser que o tablet seja reiniciado, forçando você a utilizar o do próprio Windows. Não há  escapatória. Agora chato mesmo é tentar, em vão, ver o que você está digitando na busca do Menu Iniciar, uma vez que o teclado virtual nativo sempre sobrepõe a tela.

Rolar uma página através da caneta stylus não é nada divertido. Além disso, tentar digitar rapidamente é para poucos: por não ser multitoque, o cursor pode ficar pulando caso você encoste-se em algum canto ou tecla diferente.

Teclado virtual espaçoso deixa a desejar.

Vale a pena?

Levando em consideração o custo de 500 dólares (sem contar impostos e frete), não compensa. É pesado, tanto fisicamente com seus 800 gramas quanto virtualmente com a lentidão do processador, e por esse preço atual não vale o investimento.  Na dúvida, procure por outro tablet ou um netbook.

Embora tenha câmera, suporte para tecnologia Flash e Windows 7 para rodar os mesmos programas que você já conhece e confia, o ponto crítico é o Intel Atom Z510, que tem um desempenho medíocre e aniquila as chances de a característica “multitarefa” atrair os consumidores.

No final das contas, os pontos negativos se sobressaem muito mais que os positivos. A pouca qualidade de imagem, que distorce os pixels em muitas áreas de contraste, somada à baixa praticidade de uso com a falta de suporte para multitoques e acelerômetro, faz do Archos 9 um ótimo exemplo de como um tablet de nova geração não pode ser feito.

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